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FESTA DE CORPUS CHRISTI CELEBRADA EM RIO DE CONTAS PODE SE TORNAR PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL


 

A Secretaria Municipal de Turismo, Desporto e Lazer de Rio de Contas está pleiteando no Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) o registro da Festa do Corpus Christi (celebrada no município) como Patrimônio Imaterial do Brasil. O pedido formal e um dossiê sobre os festejos serão entregues, pessoalmente, ao diretor do Departamento do Patrimônio Imaterial Hermano Fabrício Guanais e Queiroz, que já confirmou sua presença, nas datas das celebrações, que este ano, acontecem  nos dias 19 e 20 junho.

Caso a Festa do Corpus Christi seja agraciada com o registro de Patrimônio Imaterial,  Rio de Contas entra  para o seleto grupo das cidades brasileiras que conseguiram  distinta chancela. Isso reverbera positivamente no turismo religioso do município.

A salvaguarda de bens culturais de natureza imaterial foi criada pelo IPHAN EM 2000, desde então cerca de 40 já foram registrados como Patrimônio Cultural do Brasil. Esta política preza pela valorização da diversidade cultural do país, incentiva a pesquisa, a documentação e a realização de ações que viabilizam as melhorias de sustentabilidade dos saberes e práticas culturais coletivas de diferentes povos das regiões brasileiras.

RIO DE CONTAS

Rio de Contas, a primeira cidade planejada do Brasil, está localizada ao sul da Chapada Diamantina na Bahia. O município é considerado o mais antigo da região do Centro-Sul Baiano (fundado há 274 anos – 1745). Seu conjunto arquitetônico e paisagístico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em abril de 1980.

O sítio histórico de Rio de Contas reúne praças e ruas que ainda apresentam o traçado da era colonial, com monumentos públicos e religiosos em pedra, casario em adobe e igrejas barrocas. O município também é um dos principais polos do ecoturismo do estado.

Com origem no século 13, Festa de “Corpus Christi” é a celebração em que solenemente a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia: o mistério da transmutação do corpo e do sangue de Jesus em pão e vinho.

Herança dos portugueses, o Corpus Christi é comemorado no Brasil deste o século 16. A primeira manifestação pública de louvores à Eucaristia aconteceu na cidade de Salvador, no ano de 1549.

A celebração religiosa que encanta moradores e turistas pela sua beleza, pompa e detalhes suntuosos dos ornamentos de origem barroca, foi instituída no município de Rio de Contas na segunda metade do século 18, cerca de cinco anos depois da fundação da cidade (arraial).

  

DESCRIÇÃO DA FESTA DO CORPUS CHRISTI EM RIO DE CONTAS

À noite, na véspera da Festa do Corpus Christi, as fachadas das casas do centro histórico são enfeitadas e iluminadas por lanternas confeccionadas com madeira e papel de seda coloridos e estilizados (cenário esplêndido de beleza incomum). Nessa mesma noite acontece, também, o tradicional leilão no adro da igreja Matriz (Santíssimo Sacramento) de iguarias típicas da região.

 No dia seguinte (data da comemoração) é celebrada uma missa solene pela manhã. À tarde, uma procissão, cadenciada pelo som da Filarmônica Lira dos Artistas, arrasta uma multidão de fiéis que segue pelas ruas da cidade. As calçadas das casas são decoradas com plantas. Toalhas de renda e crochê são postas nas janelas. O chão, por onde passa o cortejo, é atapetado com desenhos alusivos aos festejos que são feitos de flores, cascas de arroz, serragem e tintas coloridas.

ORIGEM

De acordo com o historiador Felipe Aquino, “a Festa de Corpus Christi surgiu no século 13, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (1258) que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia.

Aconteceu que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.

O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giácomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.

Em 1264 o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, onde prescreveu que na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. O Papa era um arcediago de Liège e havia conhecido a Beata Cornilon e havia percebido a luz sobrenatural que a iluminava e a sinceridade de seus apelos.

Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.

Nesta festa os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo”.



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