Em Rio de Contas você encontra:

Destacam-se ainda no conjunto arquitetônico do sítio histórico de Rio de Contas, três edificações de arquitetura civil de uso público como a Casa de Câmara e Cadeia, o Mercado Público Municipal e o Teatro São Carlos.

 

A Casa de Câmara e Cadeia (atual Fórum Barão de Macaúbas), monumento tombado pelo SPHAN sob número 330 do Livro de História, em 31 de julho de 1959, segue o modelo construtivo de Casa de Câmara e Cadeia do século XVIII e é um exemplar que se mantém com o seu aspecto primitivo, guardando todas as suas características (BARRETO, 1949). Também tem seu espaço organizado em forma retangular, desenvolvido em dois pavimentos, recoberto com telhado de quatro águas com terminação em cimalha. Sua fachada principal é emoldurada por cunhais e cornija e possui uma portada central, ladeada por janelas guarnecidas por grades. No pavimento superior, as janelas possuem balaustres em madeira. Todos os vãos de portas e janelas possuem vergas abauladas e cercaduras, sendo as do pavimento térreo em cantaria e as do pavimento superior em madeira. O sistema construtivo é constituído por estrutura de paredes autoportantes (alvenaria de pedra), onde algumas paredes internas do segundo pavimento são em adobe (AZEVEDO, 1980). Admite‐se que esta construção tenha sido edificada em conseqüência da criação da Comarca de Rio de Contas em 1833, e seu aspecto atual pode  ser visto na Figura 16.

Figura 16: Casa de Câmara e Cadeia, atual Fórum Barão de Macaúbas

O Mercado Público Municipal (Figura 17) é uma edificação construída em 1927, de planta quadrada, constituída por uma caixa murária em alvenaria de pedra, vazada por arcos plenos em tijolos e pilares internos de seção circular que sustentam uma cobertura constituída por três telhados paralelos em duas águas (AZEVEDO, 1980). Este edifício está implantado em uma esquina na Praça das Bandeiras com a Rua Comendador Souza, e possui as fachadas principais emolduradas por cunhais e cornija onde uma platibanda esconde o perfil do telhado. Estas duas fachadas possuem aberturas em arco pleno, que servem de acesso ao interior do edifício. Este edifício também foi tombado pelo SPHAN em 1980 e atualmente abriga a Biblioteca Pública Municipal de Rio de Contas.

Figura 17: Mercado Público Municipal, atual Biblioteca Pública Municipal

 

O Teatro São Carlos, foi construído em 1892 (AZEVEDO,1980) e possui planta em forma retangular, com cerca de 6 metros de largura. Possui cobertura em duas águas e sua fachada é emoldurada por cunhais e cornija, apresentando uma porta central e duas janelas altas com vergas retas e bandeiras falsas em arco pleno. Sobre a cornija há um friso decorado com motivos florais e uma platibanda em forma de frontão curvo, onde está gravado o nome do teatro. Seu interior é simples, formado por platéia, dois camarins e pequena galeria. O piso da platéia é plano e o do palco é curiosamente inclinado (Figura 18).

 

Figura 18: Edifícios tombados: Teatro São Carlos

Fechando a relação de bens tombados pelo SPHAN, os edifícios de uso religioso são a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e a Igreja Nossa Senhora Santana.

A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento (Figura 19), construída no final do século XVIII é, segundo avaliação registrada no IPAC‐BA em 1978, o melhor exemplar conservado de arquitetura religiosa em todo o sertão baiano. Foi construída em paredes autoportantes (alvenaria de pedra) e tribunas entaipadas e há vestígios de alicerces e pedras de amarração que denotam que o edifício não foi concluído, pois teria sido projetado como uma igreja de corredores laterais, superpostos por galerias e tribunais (AZEVEDO, 1980). Sua fachada é composta por portada central de cantaria, em arco pleno, ladeada por duas portas menores e janelas no nível superior, todas com cercadura em pedra e vergas em arcos abatidos. A capela‐ mor possui forro em abóboda de madeira com pintura e o altar‐mor e os altares laterais são em talha dourada.

 

Figura 19: Edifícios tombados: Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento

A Igreja Nossa Senhora de Santana (Figura 20), construída  por volta de 1779 possui estrutura em paredes autoportantes (alvenaria de pedra) e arcos em cantaria. A planta é organizada em forma retangular: a nave central, a capela‐mor e sacristias são as únicas cobertas, as naves laterais e base das torres não possuem cobertura. É também um edifício inacabado, e os vestígios de pedras de amarração nos muros do corpo central indicam que as naves laterais deveriam ser recobertas por galerias. A fachada do edifício apresenta frontão em sua parte superior (único elemento rebocado do edifício), três janelas, uma portada principal ladeada por duas portas menores, todas com cercaduras em pedra e vergas em arco‐pleno. Tombada pelo SPHAN em 1958, trata‐se de uma igreja raríssima com três naves e capela‐mor, que se comunica com as sacristias laterais. Segundo Azevedo (1980), dentre as igrejas mineiras do século XVIII apenas três9 apresentam esta configuração.

 9 A Matriz da Conceição de Sabará, a Matriz de Mariana e a Capela do Rosário de Santa Rita Durão.

Figura 20: Edifícios tombados: Igreja Nossa Senhora de Santana

Dentro do Município de Rio de Contas, destaca‐se ainda a Igreja de Santo Antônio (Figura 21). Situada a 18 km do sítio histórico (ao Norte), no povoado de Mato Grosso, esta igreja foi construída no início da colonização da região, na década de 1710, época em que foi criada a primeira Freguesia do Alto Sertão Baiano, chamada Santo Antônio do Mato Grosso. Trata‐se de um edificação descaracterizada, que sofreu muitas mutilações e inserções de elementos inadequados (AZEVEDO, 1980), como contrafortes para estruturar a fachada frontal construída em 1950 e recuada 6,20 metros em relação à fachada original que desabou na década de 1940. A planta configura‐se em “T”, com nave e capela‐mor e sacristia. Este edifício não está inscrito nos livros de tombo, mas está presente no imaginário dos moradores locais. A história popular narra a construção deste edifício como sendo o pagamento de uma promessa feita a Santo Antônio por um milagre alcançado (SILVA, 2008).

 

Figura 21: Edifícios: Igreja de Santo Antonio do Mato Grosso

 

Além do valor histórico, o município de Rio de Contas também entra no roteiro turístico dito de “aventura”, comum em toda Chapada Diamantina, o que atrai para a região um razoável fluxo de turistas em busca de atrações como cachoeiras (destaque para o Poço das Andorinhas, cachoeira do Fraga e Ponte do Coronel), escaladas ao Pico do Barbado (2.088 m), ao Pico do Itobira (1.970 m) e ao Pico das Almas (1.958 m), caminhadas por trilhas e caminhos como o trecho da Estrada Real que liga Rio de Contas a Livramento bem como a prática de esportes náuticos ao longo dos 18 km de extensão navegável da Barragem do Rio Brumado. No entanto, são as festas populares10 que trazem mais recursos para a economia local, o que reforça a importância de seu patrimônio (natural, material e imaterial) como fator de desenvolvimento social e econômico do município.

 10 Os reisados, as festas juninas (Santo Antônio, São João e São Pedro) e a semana de Corpus Christi.